Surdo sim, amaldiçoado nunca

Anjo aparece a Balaão de Doré

No livro de Levítico, o que trata dos preceitos legais minimamente necessários para que Israel venha a postular ser aquela a quem Deus chamará de Nação Santa, vários aspectos do cotidiano são normatizados. E um dos mais curiosos fala do cuidado que se deve ter com as pessoas portadoras de deficiência auditiva, os surdos, como se dizia antigamente. Em Lv 19,14 está escrito: não amaldiçoarás o surdo. Não seria hora de nos perguntarmos por que essa simples inquietação tornou-se uma lei?

Embora eu também achasse estranho, algumas poucas ideias me ocorreram. Não seria porque o surdo, por não ouvi-la, e, desse modo, não tomando conhecimento, não teria como se defender da maldição lançada contra ele? Não poderia ser também uma prévia da lei do idoso e do deficiente? Ou seria Moisés, antevendo as dificuldades que lhe traria a sua gagueira, estivesse preparando terreno para incluir-se em algum benefício do INSS da época?
A palavra chave nesse pequeno trecho não é surdo e sim amaldiçoar. A Bíblia tem o mau costume de tratar o assunto maldição objetivando sempre o amaldiçoador e nunca o amaldiçoado. Por que isso? Por que as suas palavras são sempre para corrigir aquele que lança a imprecação, e nunca servindo como arma de defesa para aquele que a recebe? O que nós costumeiramente fazemos em primeiro lugar, nos confrontos entre ofendidos e ofensores, é defender a pessoa que está sofrendo a agressão, para depois, então, tratamos dos que a ofenderam. A troca do verbo amaldiçoar por ofender foi proposital para uma melhor contextualização desse tema. Hoje em dia quase ninguém amaldiçoa, xinga, fala mal, ofende, manda pro raio que o parta, até pra mais longe, mas amaldiçoar não está mais na moda. Se o Levítico fosse escrito hoje, fatalmente diria: não proferirás palavras pouco gentis contra o portador de deficiência auditiva. Essa seria a maneira politicamente correta.

Brincadeiras à parte. Por que a Bíblia está sempre nos ensinando a agir na contra mão da história? Quando nos flagramos sendo ofendidos ou mesmo sendo subtraídos de algum direito, o que nos ocorre de imediato é entrarmos com um processo legal, uma queixa na delegacia ou no tribunal de pequenas causas, isso, quando estamos com pressa. Mas a Bíblia nos ensina que é para cuidarmos do ofensor e não para comprar a briga do ofendido. Poderia muito bem estar escrito assim: o surdo que se sentir ofendido pode entrar com uma ação indenizatória no valor de até 50 (cinquenta) salários mínimos, mas não o fez.
Diante desse fato nós poderíamos supor, ainda que de forma embrionária, que ela não tem a intenção de dar a menor bola pra maldição nem pra ofensa? Que ela nunca leva em conta o poder que as palavras imprecatórias e injuriosas supostamente tem? Que na realidade ela pensa que isso tudo é uma grande besteira? Ela está nos dizendo que a maldição não pega, e nem a ofensa atinge aquele que tem a sua consciência sintonizada com os preceitos de Deus.
Mas então por que cuidar do amaldiçoador? Porque ela sabe que é esse quem está sofrendo de fato. Esse é o grande amaldiçoado, por assim dizer. De alguma forma ela entende que é ele quem de fato está com o espírito dilacerado e a alma em frangalhos. A Bíblia não ensina nenhum antídoto contra maldições, mas tem para a pessoa que amaldiçoa uma palavra libertadora, porque não são as palavras que saem da sua boca que a preocupam, mas sim a amargura que aquele coração está abrigando naquela hora. O hino sabiamente nos diz: vigia e ora, porque um coração pequeno, um temporal pode abrigarEssa é única maneira de cortar o mal pela raiz, de tratar das causas e não dos efeitos. 
Sem querer e nem ter competência para entrar no mérito da questão, me pego aqui imaginando o quanto seria bom se observássemos estes pequenos detalhes da lei de Deus. O quanto não nos pouparia de males maiores e de quanto não reduziria o volume de processos nos tribunais. Será que ainda precisaremos avançar mais dois ou três mil anos na nossa civilização para entendermos que a Bíblia está certa? Quem quiser contestá-la que o faça. Quem quiser colocá-la sob suspeita que a coloque. Mas no momento do confronto do indivíduo com a dor contida na sua alma, ela vai descobrir que é ele o surdo amaldiçoado, é aquele que não quis dar ouvidos ao a Bíblia diz. E aí, não vai poder deixar de admitir que aquele livro contém mais conhecimento do que o melhor jurista, que ele legisla melhor do que juiz mais justo, que ele é muito mais sábio do que o mais proeminente desembargador.

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