Dança do bezerro de ouro, Emil Nolde (1867-1955) |
Quem está acostumado a ler as minhas postagens deve imaginar que eu fico o tempo todo rebuscando a Bíblia atrás de textos complicados para acrescentar as preocupações que faltavam a vocês. Eu posso garantir que não é nada disso. O que eu trago de fato são as minhas preocupações,
porque quando leio determinados textos bíblicos e os comparo com a realidade atual, nada me resta senão preocupantes inquietações, e são estas preocupações que me proponho a dividir com vocês, aqui nessas meditações diárias. De qualquer maneira eu me sinto culpado, porque seria bem mais agradável se eu estivesse trazendo textos conhecidos e tentasse acrescentar alguns elementos recém descobertos ou desconhecidos da maioria. Desculpem-me, mas não foi esse o pastor que a Igreja Cristã de Ipanema ordenou, por isso eu trago mais um texto complicado, e estou certo de que nós vamos mexer num vespeiro.
porque quando leio determinados textos bíblicos e os comparo com a realidade atual, nada me resta senão preocupantes inquietações, e são estas preocupações que me proponho a dividir com vocês, aqui nessas meditações diárias. De qualquer maneira eu me sinto culpado, porque seria bem mais agradável se eu estivesse trazendo textos conhecidos e tentasse acrescentar alguns elementos recém descobertos ou desconhecidos da maioria. Desculpem-me, mas não foi esse o pastor que a Igreja Cristã de Ipanema ordenou, por isso eu trago mais um texto complicado, e estou certo de que nós vamos mexer num vespeiro.
O texto já começa complicado pelo título “O profeta e o homem de Deus”. Eu sempre pensei que todo profeta, ou pelo menos aquele que a própria Bíblia chama de profeta, fosse homem de Deus. Assim como eu pensava no passado que se abrisse uma igreja, construísse um templo, organizasse, cantasse num coral ou compusesse músicas em nome de Deus, ficaria tudo bem pro meu lado. Eu sempre pensei que tudo aquilo que separamos e dedicamos a Deus fosse imediatamente aceito, e aceito de bom grado, e ai dele se não aceitasse. Não estranhem esta forma de pensar porque não estou sozinho. Muito antigamente teve uma pessoa que pagou muito caro por pensar assim como eu, o nosso velho conhecido Caim. Mas será que somos só nós dois os únicos que pensamos assim ou tem mais alguém que pensa ou pensou dessa maneira?
Ultimamente tenho ouvido na televisão cada mensagem tão estapafúrdia que fico realmente assustado. Curioso que meu medo não é que Deus excomungue esses pregadores por pregarem estas mensagens, e sim que eles excomunguem o próprio Deus. Porque eles declaram tanto, determinam tanto e com tanta veemência, que ai de Deus se não obedecer. Até eu às vezes me sinto na obrigação de obedecer. É bom pensarmos no assunto porque este texto mostra exatamente o contrário. Mostra que existem absurdas diferenças entre o que nós entendemos como coisas de Deus e aquilo que ele realmente aceita como sendo seu. Esse pequeno e complicado texto vem nos dizer que existe um abismo intransponível entre a vontade de Deus e a vontade humana. E eu peço licença para me atrever a mostrar, em rápidas palavras, algumas dessas poucas diferenças.
A primeira diferença que se pode observar no texto é que a Palavra de Deus é mais dura, mais resistente e mais duradoura do que qualquer altar, seja ele do tamanho que for, seja ele feito de qualquer tipo material que tenha sido feito, tenha ele o número de fiéis e simpatizantes que tiver. Nada disso fará diferença se ele entrar em rota de colisão com a Palavra de Deus. O seu destino já está traçado: vai fender, vai rachar e vai quebrar, não importa o tamanho da boa vontade, nem se foi feito de bom coração. Eu fico tentando imaginar a cara que os discípulos de Jesus fizeram quando ele disse que da maravilha que era o templo de Jerusalém não ficaria pedra sobre pedra. Não estamos falando de qualquer igrejinha não. Estamos falando daquilo que alguns consideram a maior obra da engenharia humana até hoje. Maior do que todas as antigas e atuais maravilhas. Pois até ele rachou, quebrou e desapareceu.
Foi através da dor causada pela destruição do templo que os judeus descobriram que Deus não tem religião, não tem preferências raciais e nem uma nacionalidade. Sabem o que isso nos diz respeito? Da mesma forma que os judeus contemporâneos de Jesus pensavam ser o Judaísmo, nós os cristãos temos a pretensão de afirmar que o Cristianismo é a religião de Deus. Será que também vamos ter que passar por uma tragédia deste porte para compreender de vez que o Cristianismo não foi nem é a religião de Cristo, que ele não fundou religião alguma. Ele fundou sim uma igreja, Eclésia, uma comunidade de fiéis, mas não colocou placa chamando-a de igreja mundial, universal ou coisa que o valha. Aliás, nem de igreja cristã ele a chamou. Cristão era um pejorativo que passou a ser dado a qualquer ser humano que tivesse atitudes de humildade ou que tivesse pouca lucidez no raciocínio. Porque amar o inimigo, dar a capa a quem te toma a túnica e acreditar num Deus que morre, era coisa de quem não tinha juízo algum. Daí surgiu o nome do qual tanto nos orgulhamos.
O Cristianismo, ao longo de dois mil anos vem construindo para si os mais variados altares, mas nunca parou para se perguntar se eles servirão para congregar a igreja de Jesus Cristo, ou se são como os de Jeroboão, que serviram para sacramentar a divisão, o cisma e o enfraquecimento da unidade das tribos de Israel, e alimentaram de forma definitiva o preconceito, a discriminação e o ódio entre os filhos de Deus. E é justamente o que está em questão no texto, porque os altares de Betel e Dã não significavam simplesmente mais um local de prática de culto. Eles representam toda e qualquer instituição religiosa extinta, existente ou que venha a ser criada, que se oponha, mesmo com boas intenções, à Palavra de Deus. A Palavra de Deus foi, é e será mais resistente do que todas elas. Altares são precários e podem ser perigosos, principalmente se forem erigidos com o mesmo propósito que levou Jeroboão a construir os seus. Eles fatalmente servirão para sacrificar o povo até a sua extinção. Por que não aprendemos com esta tragédia do Reino do Norte, que foi sacrificado pela invasão assíria e desapareceu completamente da História pouquíssimo tempo depois que construiu os seus altares?
0 comentários:
Postar um comentário