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Caminho de Emaús, Lelio Orsi(1508-1587) |
Não faz muito tempo ouvi um inspiradíssimo sermão do rev.
Ed Rene Kivitz sobre experiências catafáticas e apofáticas. Como estas eram palavras que eu só havia ouvido no período em que fiz seminário e por se referirem a temas bastante atuais, procurei investigá-las para ver se tinham voltado à moda. Encontrei no blog Cristão Confuso o material de uma pessoa que assinava como Zé Luís, que fazia uma abordagem deste mesmo tema a partir de um filme de 1985, rodado aqui com o título de Feitiço de Áquila. Ambos os autores falavam das duas experiências comuns em nossos cultos dominicais: a experiência catafática, que está associada à experiência do aprendizado, de onde vem a palavra catecismo, e da experiência apofática, que descreve uma experiência sensorial impossível de ser descrita ou transmitida. A grosso modo são textualmente essas as experiências que um culto, seja ele cristão ou não, pode provocar em nós.
Ed Rene Kivitz sobre experiências catafáticas e apofáticas. Como estas eram palavras que eu só havia ouvido no período em que fiz seminário e por se referirem a temas bastante atuais, procurei investigá-las para ver se tinham voltado à moda. Encontrei no blog Cristão Confuso o material de uma pessoa que assinava como Zé Luís, que fazia uma abordagem deste mesmo tema a partir de um filme de 1985, rodado aqui com o título de Feitiço de Áquila. Ambos os autores falavam das duas experiências comuns em nossos cultos dominicais: a experiência catafática, que está associada à experiência do aprendizado, de onde vem a palavra catecismo, e da experiência apofática, que descreve uma experiência sensorial impossível de ser descrita ou transmitida. A grosso modo são textualmente essas as experiências que um culto, seja ele cristão ou não, pode provocar em nós.
O texto dos caminhantes de Emaús trata com riqueza de detalhes essas duas manifestações, dando-lhes a dimensão exata de uma real experiência com Deus para que apliquemos na nossa vida, como também na vida de nossa igreja. Ele detalha o verdadeiro caminho da conversão em todas as suas fases, e quando falamos em conversão não estamos somente falando da primeira conversão ou daquelas que muitos chamam de a primeira experiência com Deus. O texto trata também da conversão diária, da resposta ao desafio, da mudança de mente que o culto precisa provocar em nós. Para uma melhor compreensão, precisaremos separar o episódio em capítulos e analisá-los um a um, conforme a importância que eles conferem ao texto.
Decepção e vazio
O estado em que Jesus encontra os caminhantes de Emaús retrata muito bem o sentimento de perda e abandono em que nos encontramos sempre que uma situação adversa nos assalta. Eles haviam perdido o seu guia espiritual, daquele que durante três anos pacientemente os ensinara a grandeza do amor de Deus e a qual deveria ser a resposta a esse amor, sucumbira ante ao poder do mal. Eles, assim como nós, estavam contabilizando mais uma derrota, mais uma decepção e mais uma vez o vazio tomava conta do coração. E nós pensávamos que era ele quem iria redimir Israel, só este desabafo já nos é suficiente para uma avaliação do estado emocional em que se encontravam os discípulos quando Jesus cruza o seu caminho. Se formos enquadrar esta experiência em uma das categorias citadas acima, diríamos que é uma experiência iminentemente apofática. Era alguma coisa que transtornava a vida daqueles dois que não poderia ser transmitida em palavras. Era algo que só poderia ser experimentado individualmente, pois nem mesmo os dois que caminhavam juntos a sentiram da mesma forma. Para eles a situação era dramática, irreversível e não deixara sequer um fio de esperança.
Jesus interveio nesta crise apofática como alguém que não tinha apenas respostas, mas a solução definitiva para a crise. Quando Jesus pergunta sobre o que eles estavam falando, não estava querendo saber sobre o que tinha de fato acontecido, mas sim qual era a interpretação que eles estavam dando a tudo aquilo pelo qual estavam passando. Jesus pergunta também o porquê da sua tristeza, não para ouvir um relato da sua paixão e morte sob o ponto de vista deles, mas para conhecer os reais motivos dos seus lamentos, e onde exatamente a sua morte os havia atingido mais em cheio. Contudo, a resposta que recebeu não foi nenhuma novidade. Eram tão equivocadas quanto as que durante o seu ministério ouviu de Pedro, Tiago e João. Uma inversão radical e absoluta do sentido para o qual a experiência realmente apontava.
Indistintamente em todas as vezes que nos decepcionamos com Deus estamos olhando em direção oposta ao que ele quer nos mostrar. Invariavelmente o vazio que sentimos nunca é causado pelo seu afastamento, e sim pela nossa falta de fé. Não foi diferente com os discípulos de Emaús. Quando a presença de Jesus no meio deles apontava para a vitória eterna da ressurreição, eles ainda estavam amargando a derrota de uns breves momentos em que Jesus se deixou flagelar pelo somatório de todos os males do mundo. O que a lagarta chama de fim do mundo, o homem chama de borboleta, dizia Richard Bach.
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