Do pecado, da justiça e do juízo (final)

Juízo Final de Michelangelo
Jesus vinha há algum tempo advertindo os seus discípulos a respeito da reação adversa do mundo à sua mensagem. No entanto, João, baseado na experiência vivida pela sua igreja, transfere a advertência para o terreno do ódio e da perseguição, na mesma intensidade que Jesus havia sofrido: Um servo não é maior do que o seu senhor. Se perseguiram a mim, também perseguirão a vós. E vem a hora em que aquele que vos matar julgará estar tributando um culto a Deus.
João entende que apreensão por saber que seu tempo estava se abreviando, aliada à tristeza da despedida, fez com que Jesus resumisse em poucas palavras a dupla atuação do seu sucessor, o Espírito Santo: Para dentro, guiando e consolando a igreja. Para fora, convencendo o mundo do pecado, da justiça e do juízo.

Convencer o mundo de que os culpados condenaram um inocente, e que na sequência do julgamento, da sentença e da execução de Jesus, Deus faz uma inversão dos resultados. O sistema que o condenou sai condenado. Deus abriu outro processo em uma estância superior, e enviou o seu Espírito como relator, promotor e juiz do processo, cuja finalidade última e convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo.

A culpa, aqui chamada de pecado, consiste em não ter crido no enviado de Deus a despeito dos seus sinais. A persistência no antigo delito em transgredir leis naturais, faz com que o mundo permaneça em pecado, opondo-se assim a mensagem redentora de Jesus.

Convencer o mundo de que só pode haver redenção na justiça. Não na justiça que privilegia o direito legal, mas que faz a balança pender para o lado do fraco, do aflito, do indigente e do sozinho, aqueles a quem os profetas identificaram como os órfãos, os estrangeiros e as viúvas. A igreja não está sujeita a julgamento enquanto se mantiver ao lado destes, sabedora que esta escolha lhe trará perseguição e atrairá sobre si o ódio do mundo. Por isso, e somente por isso, o Espírito é enviado para consolá-la. Através do consolo que recebe do Espírito de Deus, mais consolo a igreja tem a oferecer aos que tem fome e sede de justiça.

Uma igreja que consola a si mesmo, não faz mais do que correr atrás do rabo. Apenas pede mais consolo para si, sem antes consolar quem deve ser consolado, como diz a poesia de Francisco de Assis.

Convencer o mundo de que paira um juízo sobre as suas más ações e intenções. Definitivamente a condenação de inocentes precisa ter um basta. A prática da injustiça não pode continuar prevalecendo. Que Israel nos sirva de exemplo, pois o que aconteceu na morte e ressurreição de Jesus, pela atividade do Espírito continuará acontecendo. É um julgamento eterno, enquanto houver história.

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