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Profeta Oséias de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814) |
Será que existe de fato alguma diferença marcante entre a ênfase da pregação dos profetas bíblicos e as ênfases das mensagens dos pregadores de hoje? Se tivermos que responder a esta pergunta fundamentados exclusivamente em Oséias, a resposta terá que ser um inquietante “sim, existe uma diferença enorme”. Esta inquietação só tende a se agravar, porque que a denúncia que faz o texto lido não está somente na boca de Oséias, mas ela é consenso entre
indistintamente todos os profetas da Bíblia. Enquanto os antigos profetas pregavam incansável e incessantemente a aproximação de Deus através do conhecimento, da meditação sincera na sua Palavra, a reflexão sobre o que realmente dizem os seus mandamentos, as igrejas de hoje despendem mais tempo e dedicam maior atenção aos momentos de louvor durante os cultos. Este um argumento irrefutável, nem precisamos prová-lo, basta retrocedermos no tempo para e comparar as liturgias dos cultos de 20 anos atrás, que continham três, quando muito, quatro hinos que eram cantados por toda a congregação uma única vez, e sermões que duravam até duas horas, com as ordens de culto, se assim podemos chamar, de hoje, onde quase que exclusivamente se canta.
indistintamente todos os profetas da Bíblia. Enquanto os antigos profetas pregavam incansável e incessantemente a aproximação de Deus através do conhecimento, da meditação sincera na sua Palavra, a reflexão sobre o que realmente dizem os seus mandamentos, as igrejas de hoje despendem mais tempo e dedicam maior atenção aos momentos de louvor durante os cultos. Este um argumento irrefutável, nem precisamos prová-lo, basta retrocedermos no tempo para e comparar as liturgias dos cultos de 20 anos atrás, que continham três, quando muito, quatro hinos que eram cantados por toda a congregação uma única vez, e sermões que duravam até duas horas, com as ordens de culto, se assim podemos chamar, de hoje, onde quase que exclusivamente se canta.
Não seria exagero algum afirmar que o conhecimento de Deus, que é prioridade na Bíblia, tem se tornado para alguns uma prática abominável. Parece que cada igreja possui um contingente pronto para reprimir qualquer iniciativa que incite a reflexão teológica. Os estudos bíblicos, a Escola Dominical e até mesmo os sermões, se não foram banidos de vez, estão sendo substituídos por chavões recitados nos breves intervalos musicais, e mantras extraídos de versos repetitivos. Não quero comparar o acintoso descumprimento dos mandamentos, que levaram o povo a praticar a injustiça que o profeta Oséias denuncia no seu tempo com a negligência observada hoje. Mas precisamos ter ciência de que a profecia de Oséias é apenas o clímax de uma escola profética que começou denunciando justamente a falta de interesse na Palavra de Deus. Ou seja, estamos ensaiando um enredo cujo final trágico do passado começa a se delinear novamente.
A veemência com que a busca pelo conhecimento é pregada na Bíblia é um nítido sinal de que, onde há fumaça, há fogo. E a palavra fogo é bastante apropriada, porque, onde há muito fogo, há também evidências claras que falta razão e conhecimento. Era exatamente contra esse fogo que os profetas de Deus pregavam.
Oséias não apenas contabiliza a degradação da humanidade: o perjúrio, a mentira, os roubos, os adultérios, os arrombamentos e homicídios sobre homicídios, na conta da raça eleita, da nação santa, do povo de Deus, na conta daqueles que se autointitulavam sacerdócio real. E ele vai muito além. Ele observa que a terra está de luto, que tudo que nela mora está morrendo; os animais no campo, as aves no céu, e até os peixes no mar; mas, diz ele: a culpa não é dos seus habitantes. A culpa é nossa, porque entre o povo que se diz ser mordomo de Deus, não há um sequer que repreenda. O meu povo está sendo destruído porque lhe falta o conhecimento.
É bom que se diga que naquela época não faltavam festas, não faltavam cânticos de louvor, não faltavam conjuntos musicais em todos os cultos. Tudo isso havia e com muita abundância, inclusive os próprios cultos. O problema não era a falta de dizimistas. Era uma época em que o Templo estava sendo bem suprido. Segundo o nosso texto, também segundo Isaías e Amós, que são bem mais contundentes, havia sacrifícios e holocaustos em profusão. O povo não estava se autodestruindo pela falta de adoração. O povo não estava sendo consumido pela escassez dos dízimos e ofertas. O povo não estava em flagrante degradação pela baixa frequência nos cultos ou nas celebrações festivas. Mas por um pequeno detalhe: pela falta de conhecimento.
É óbvio o bastante que a falta do conhecimento de Deus tem implicações diretas na conduta da igreja e das pessoas, mas eu queria refletir com vocês pra ver se descobrirmos juntos, onde, essa falta de conhecimento, faz realmente falta, e muita falta.
A primeira e mais imediata questão Oséias diz logo de cara: Ouvi, oh casa de Israel, o Senhor tem uma contenda é contra vós. Ou seja, o primeiro problema que a falta de conhecimento das Escrituras traz é nos colocar em reta de colisão com Deus. De imediato vamos bater de frente com ele. Onde falta o conhecimento de Deus, o amor, a verdade e a justiça também não subsistem. Não está se falando aqui de fé em Deus, em acreditar na sua existência, em saber que ele é o Todo Poderoso ou mesmo de confessar que Cristo é o Salvador. O texto não se dirige, portanto não recrimina, nem ateus e nem seguidores de outros credos. Fala da falta de conhecimentos das coisas primárias de Deus. Dos seus mandamentos mais básicos. Não fala de postulados de fé nem de complexas reflexões teológicas. Fale de prescrições primárias, de leis humanitárias que todo servo do Altíssimo tem obrigação de saber, de cumprir e de se empenhar em fazer cumprir.
É a interpretação descontextualizada da Bíblia. A citação de trechos bíblicos completamente fora do seu contexto. É a fundamentação da fé naquilo que traz apenas o benefício próprio. Todos esses argumentos me sinto bem à vontade para refutar. Eu sei que tudo isso está escrito, e creio fielmente que foi muito bem escrito. Portanto, que ninguém venha agora me mostrar um texto e dizer que o que diz é bíblico. Expressão que usada muito erradamente. Nenhum escrito é bíblico simplesmente porque está na Bíblia. Na própria Bíblia tem muita coisa que não é bíblica. Tem a palavra de Faraó, Nabucodonosor,Gamaliel, Pilatos e de outras toupeiras históricas. Bíblico é tudo aquilo que está de acordo com a mensagem central da Bíblia, mesmo que não esteja contido nela.
Além do mais, não é só isso que a Bíblia diz. Esta não é sequer a sua ênfase. A prioridade de Deus é o seu Reino, muito, muito depois disso vem a minha saúde, o meu emprego e a minha prosperidade, não financeira, mas como pessoa. Aprendi desde muito cedo na Escola Dominical, que Jesus foi extremamente preciso ao usar a Palavra de Deus apropriada, para confrontar esta mesma Palavra, quando ela estava sendo usada de forma inadequada à situação. Isso mesmo, Jesus usou Palavra de Deus contra Palavra de Deus. Em algumas ocasiões disse: também está escrito, e em outras tantas foi muito mais veemente: viste o que está escrito? Eu porém vos digo. (continua)
Além do mais, não é só isso que a Bíblia diz. Esta não é sequer a sua ênfase. A prioridade de Deus é o seu Reino, muito, muito depois disso vem a minha saúde, o meu emprego e a minha prosperidade, não financeira, mas como pessoa. Aprendi desde muito cedo na Escola Dominical, que Jesus foi extremamente preciso ao usar a Palavra de Deus apropriada, para confrontar esta mesma Palavra, quando ela estava sendo usada de forma inadequada à situação. Isso mesmo, Jesus usou Palavra de Deus contra Palavra de Deus. Em algumas ocasiões disse: também está escrito, e em outras tantas foi muito mais veemente: viste o que está escrito? Eu porém vos digo. (continua)
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