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Inspiração profética de Benjamin West |(1832-1920) |
Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus e para lá não tornam, sem que primeiro reguem a terra, e a fecundem, e a façam brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará
para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei. Isaías 55,10-11
O blog Amós Boiadeiro estará editando depois de amanhã a sua centésima postagem. Desde já agradeço a todos os leitores e leitoras que são a razão segunda desta empreitada que se mantém por oitenta dias, com mensagens diárias ininterruptas. Para celebrar este acontecimento vamos tentar, a partir de agora, introduzir também, além do texto, mensagens gravadas com som e imagem, o que na linguagem da internet chamam de podcast. Mesmo nesta nova fase, o blog tentará o máximo possível ser fiel ao princípio para o qual foi criado: Pregar exclusivamente a Palavra de Deus, e este é o único motivo que supera a minha alegria pela atenção e carinho de vocês, através dos quase cinco mil acesso as que tivemos durante este período.
Diferentemente dos ídolos mudos, devidamente satirizados na Bíblia, o Deus que se revelou a Abraão fala aos homens. Mais do que uma simples vocalização audível, a Palavra de Deus é viva, algo que age concretamente na transformação de consciências e circunstâncias. Mais influente ainda do que uma excelente filosofia de vida, a Palavra se fez carne e habitou entre nós. Acentuadamente contrastante na época do profetismo bíblico, foi o fator que determinou a preservação de um povo, justamente o povo para quem ela foi dirigida em primeiro lugar. Enquanto as grandes potências mundiais da antiguidade deixaram atrás de si nada mais que ruínas, este povo legou a humanidade a sua maior regra de ética e de moral. Foi ao redor das fogueiras nas frias noites do semiárido oriental, que ela começou a ser transmitida de geração após geração, impondo-se sobre todos os ritos de mistério e todas as manifestações supersticiosas, para chegar até nós íntegra e fiel.
A Palavra de Deus não sofre a ação do tempo. Embora ela tenha sido propagada em uma época, local e situação específicas de um passado distante, ela em nada se assemelha ao Conto das mil e uma noites, porque ela fala de um mundo real, para pessoas também reais. O segredo da sua atualidade não provém de algo mágico ou mesmo sobrenatural, pelo contrário. Ante a sua presença até mesmo o sobrenatural se dobra, fazendo com que simples trechos sejam os motores de grandes transformações. Esta Palavra sempre soube muito bem, que fosse qual fosse o avanço tecnológico a que estivessem submissos, os homens e mulheres ainda continuariam a chorar a perda dos seus filhos como fez Davi, e a ficar deprimidos com traições e injustiças como foi o caso de Jeremias.
Estranhamente distante dos grandes reboliços da humanidade, a Palavra de Deus tende a se revelar no cotidiano, sempre acrescentando uma novidade surpreendente àquilo que julgávamos imutável. Sem, com isso, tentar impedir que os avanços alcançados pela ciência sigam o seu curso natural. Certa vez alguns membros procuraram o seu pastor, já velho, para que ele pregasse contra o uso de calças compridas pelas mulheres na igreja, coisa que no começo dos anos de 1960 era realmente inovador. O velho pastor propôs-lhes o seguinte trato: Se a cada dia que ele abrisse a sua Bíblia e não lhe fosse revelado algo novo e mais importante do que pregar sobre usos e costumes, ele faria o tal sermão solicitado, fecharia a sua Bíblia, e nunca pregaria o evangelho. O que jamais foi fato, posto que este pastor morreu com mais de noventa anos, na noite de um dia em que havia pregado o evangelho.
Abdicando de ser um espetáculo pirotécnico, a Palavra de Deus busca preferencialmente agir no silêncio da mente e do coração. O profeta Elias passou por uma experiência marcante de decisiva para todo o profetismo desde então. Quando fugitivo de uma rainha que queria matá-lo, oculto em gruta viu todos os grandes fenômenos da natureza desfilaram à sua frente: Um tempestuoso vento que rachava montes e fendia pedras, depois do vento um terrível terremoto, e depois do terremoto um incêndio devastador. Mas ele não ouviu a voz de Deus em qualquer desses elementos. Ouviu a sua Palavra apenas em uma brisa suave que sussurrava aos ouvidos. Deus estava lhe dizendo: Elias, se você quer ser meu profeta não vai fazer cair fogo do céu, nem provocar tempestades ou terremotos com as suas orações. Você falar a minha Palavra ao coração das pessoas. É dentro deles que se abrigam os grandes e indescritíveis temporais e que se alastram os incontroláveis incêndios.
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