Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Filipenses 3,13s
Paulo preso em Jerusalém, Henry Davenport (1836-1909) |
Observemos o ministério de Jesus. Quando este não estava em crise pela perseguição, pela cassação da sua palavra, pelo desprezo às suas mensagens ou pela negação definitiva dos seus sinais, experimentava uma crise interna entre os discípulos que disputavam acirradamente o poder, que oravam para que descesse fogo do céu e consumisse todos os inimigos ou que não entendiam os propósitos de Deus. A igreja herdou esta crise e a tem vivido intensamente, ora na mão do plano de salvação, cumprindo integralmente a vontade de Deus, ora na contramão desta história, esquecendo-se da sua verdadeira vocação e cumprindo integralmente a vontade dos homens. Parece que nunca experimentamos outra situação a não ser a crise, por que alguém imaginaria a possibilidade de ser diferente para nós hoje? Por que alguém teria a pretensão de ver o fim desta crise antes da implantação completa e definitiva o Reino de Deus?
Não somos chamados para por fim a crise, nossa vocação não é para sermos bombeiros de crise, Cristo não nos salvou para que vivêssemos acima do bem e do mal. Fomos sim lançados sozinhos no olho do furacão, no centro da crise. Eis que vos envio como ovelhas para o meio de lobos, disse o nosso mestre. O nosso problema é esse: O que fazer? Como se comportar? E o que priorizar na crise? Uma vez que temos a certeza de que vamos ter que conviver com ela. Ainda bem que temos uma igreja só, imaginem a situação de Paulo com as suas diversas igrejas em crise, e ele sendo mantido em cativeiro. Se a nossa situação hoje exige que tomemos medidas drásticas, tal como a troca de comando na esfera superior da autoridade, o que restaria a Paulo fazer?
Bem, antes que percamos parte do nosso tempo ou a integralidade da nossa fé na busca da solução desta crise, analisemos tudo aquilo que ele fez ou que se mostrou disposto a fazer: Uma coisa faço. Única e exclusivamente uma coisa, deixando para trás a sua crise atual, ele prosseguia para outra que estava adiante dele, e fazia isso indefinidamente, até sabe Deus quando. Uma coisa faço. Paulo aconselhou a Igreja de Filipos a deixar para trás os inimigos da cruz de Cristo, aqueles que se mantinham no poder aproveitando-se da crise, aqueles que se alimentavam e engordavam com a crise, aqueles que seguiam o deus que habitavam as suas barrigas e caminhassem em direção à pátria celestial, seguindo apenas o seu modelo: fazendo apenas isso.
Que as nossas igrejas, sejam elas suntuosos templos ou barracos de pau a pique possam seguir este modelo que deu certo. Que elas não se deixes abater pelo tamanho das suas crises, seja ela interna ou externa, não importa. A solução é sempre a mesma. Quando o Israel esteve na sua maior crise, tendo atrás de si o poderoso exército da escravidão e à sua frente um mar de dificuldades e empecilhos, ouviu de Deus uma única ordem: Diga ao meu povo que marche, que vá em frente.
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