Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade e traze aqui os pobres, e os aleijados, e os mancos, e os cegos. E disse o servo: Senhor, feito está como mandaste, e ainda há lugar. E disse o senhor: Sai pelos caminhos e atalhos e força-os a entrar, para que a minha casa se encha. Lc 14.21-23
Convite para o grande banquete, Jan Luyken |
Para espanto nosso, constatamos também que algumas igrejas tem, distribuídas estrategicamente pelos templos, pessoas cuja atividade é bem semelhante à dos famosos leões de chácara do comércio. No caso específico desta igreja, existem duas diferenças básicas: primeiro, estes cargos são exercidos também por mulheres, e segundo, eles e elas receberam o honorífico título de chamados de obreiros. A exemplo dos familiares leões de chácara, eles estão presentes nos cultos para auxiliar o bom andamento dos serviços litúrgicos, se é que assim podemos chamá-los, mas prontos também para coibirem qualquer manifestação estranha, como impedirem a entrada ou permanência dos inconvenientes. Traduzindo: daqueles que não tem com o que colaborar.
Ao nos depararmos com essa parábola contada por Jesus por ocasião de uma cerimônia onde os acessos aos lugares privilegiados estavam sendo preenchidos segundo o prestígio de cada um d e s convidados, não temos como não questionar essa prática nas igrejas. Não falo apenas destas, mas também das tradicionais, que autorizam pessoas a se postarem na porta dos templos filtrando a assistência. Pessoas essas que, não faz muito tempo, entraram por aquela mesma porta completamente arrasadas e lá encontraram o alívio que tanto ansiavam.
É por tudo isso que Jesus fez questão de nos apresentar o leão de chácara invertido. Aquele sujeito que vai atrás do moribundo, encontra o perdido, segura o desesperado e os faz entrar mesmo que não queiram, colocando-os à força no banquete do seu senhor. Jesus nos deu o exemplo do cristão que nunca está satisfeito com o seu trabalho, e que inconformado continua insistindo com ele que ainda há lugar, que ainda cabe mais gente. Força-os a entrar é a ordem estabelecida para nós. Determinar quem deve ou quem pode permanecer não é da nossa competência. Todas as vezes que descumprimos essa ordem direta as consequências são trágicas. A exemplo dos leões de chácara de Santa Maria, dos fariseus e dos escribas no tempo de Jesus, estamos fazendo justamente o que é mais condenável na porta do Reino dos Céus: não entramos e impedimos outros de fazê-lo.
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