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Tarde e manhã |
Ainda bem no início da civilização, já era costume saudar aquele que se aproximava com a expressão que usamos hoje: bom dia. Em sânscrito, uma das línguas mais antigas do mundo, a palavra dia tem a sua origem na palavra Deus. Então, desejar um bom dia a uma pessoa era o mesmo que dizer que ela tivesse um Deus bom dentro dela.
Na mesopotâmia dividia-se a parte clara do dia, de sol a sol, em doze horas e trinta minutos, mas o seu minuto era quatro vezes maior que o nosso. Na Palestina não há provas de uma divisão do dia em horas antes do judaísmo superior. O século VIII a.C. marca o início dessa nova era em Israel: Is 38.8 - Eis que farei retroceder dez graus a sombra lançada pelo sol declinante no relógio de Acaz. Assim, retrocedeu o sol os dez graus que já havia declinado. Já existe um termo para hora, mas o autor do livro de Daniel, que foi escrito por volta de 90 a.C., não o conhecia ainda: Dn 4.16 - Mude-se-lhe o coração, para que não seja mais coração de homem, e lhe seja dado coração de animal; e passem sobre ela sete tempos.
Contudo, em todo caso, o dia era o espaço de tempo entre a aurora e o escurecer da tarde, é o tempo da luz, sendo a noite apenas o seu complemento. Algumas prescrições consideravam o período restrito de um dia para o seu cumprimento, como era o caso da refeição pascal, que deveria ser consumida no mesmo dia do sacrifício. Esse outro modo de ver deu origem a uma concepção mais larga e precisa, o período de vinte e quatro horas. Na criação, o primeiro dia termina quando a manhã do segundo dia começa.
Israel conheceu uma indicação bastante vaga das diversas partes do dia. Essa divisão não se baseava numa unidade abstrata do tempo dividido em partes iguais, o que chamamos de horas. Mas na diferença das situações meteorológicas que caracterizavam as determinadas fases do dia. Fala-se em: a manhã, o meio dia e a tarde. As primeiras horas depois do meio dia eram chamadas de meados do dia ou o calor do dia: Gn 18.1 - Apareceu o SENHOR a Abraão nos carvalhais de Manre, quando ele estava assentado à entrada da tenda, no maior calor do dia. Depois disso, como é comum nas montanhas da Palestina, entre duas e três horas, segue-se o vento do dia, também chamada de brisa da tarde. O vento do dia opõe-se ao vento que durante a noite vem do mar, e que dura até a aurora.
Como alguns atos litúrgicos estavam ligados a um determinado momento do dia, podiam eles também servir como indicação do tempo, como por exemplo, o sacrifício vespertino, que era servido entre três e quatro horas da tarde: I Rs 9.21 - Falava eu, digo, falava ainda na oração, quando o homem Gabriel, que eu tinha observado na minha visão ao princípio, veio rapidamente, voando, e me tocou à hora do sacrifício da tarde.
Na prática, eles não dispunham de mecanismos para medir o tempo. Daí adotar-se a divisão do dia em quatro partes, assim denominadas: a hora inicial, das seis da manhã ate às nove; a hora terceira, das nove às doze; a hora sexta, das doze às quinze; a hora nona, das quinze às dezoito. A noite também era subdividida em três vigílias, assim como era na antiga Grécia e na Babilônia.
Nos evangelhos observa-se uma diferença de horários entre Marcos 15.25, que diz: Era a hora terceira quando o crucificaram, e João 19.14, que narra: E era a parasceve pascal, cerca da hora sexta; e disse aos judeus: Eis aqui o vosso rei. Nota-se claramente que foram usadas duas medidas de tempo diferentes. João, devido à influência que herdou da cultura grega, não dividia o tempo da forma hebraica, e sim pelo método criado pelos egípcios.
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