Vede, não desprezeis a qualquer destes pequeninos; porque eu vos afirmo que os seus anjos nos céus veem incessantemente a face de meu Pai celeste. Mateus 18.10
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Abraão e os três anjos, Ludovico Carracci |
Contudo, se retrocedermos um pouco na leitura de Mateus 18.19, veremos que Jesus fala claramente sobre a inevitabilidade do escândalo, condenando, porém, o autor por intermédio de quem vem este escândalo. A condenação se intensifica muito, caso este escândalo envolva, de alguma forma, um desses seus pequeninos. O escândalo para com os pequeninos nas palavras de Jesus assume diversas formas, que vão desde a desconsideração como pessoa, a e consequente desconsideração como ovelha membro do seu rebanho, até situações que venham abalar a fé ainda incipiente deles. Portanto, se a tua mão ou o teu pé te faz tropeçar, corta-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida manco ou aleijado do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno. Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida com um só dos teus olhos do que, tendo dois, seres lançado no inferno de fogo. Debaixo desta seriíssima advertência de que ter pés, mãos e saúde perfeitos são prioridades menores do que a integridade física, moral e espiritual dos tais pequeninos, quando se trata de estar dentro ou fora, a favor ou contra o Reino de Deus.
Após a advertência, agora avançando um pouco na leitura do texto, veremos que Jesus encerra esta questão propondo um não menos enigmático desafio: Que vos parece? Se um homem tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixará ele nos montes as noventa e nove, indo procurar a que se extraviou? E, se porventura a encontra, em verdade vos digo que maior prazer sentirá por causa desta do que pelas noventa e nove que não se extraviaram. Alguém já se perguntou se faria exatamente o que o texto sugere? No que diz respeito a mim, eu digo que, nas circunstâncias citadas, eu não faria, ou que pelo menos teria enormes dificuldades de fazê-lo.
Temos aqui um impasse, pois a questão apresentada por Jesus não quer exatamente perguntar o que nós faríamos neste contexto, mas sim de declarar o que Deus faz constantemente conosco. No que concerne à salvação, ele não quer que nenhum dos seus pequeninos se perca: Assim, pois, não é da vontade de vosso Pai celeste que pereça um só destes pequeninos. Mas o que fazer para estar incluído entre os que estarão perdidos? A resposta é dada no início deste capítulo, e expõe claramente a raiz de toda a questão: Naquela hora, aproximaram-se de Jesus os discípulos, perguntando: Quem é, porventura, o maior no reino dos céus?
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