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Salmo 122 |
Esse parece mais um texto tirado diretamente de um livro de autoajuda muito audacioso e pouco sensato. Alguns diriam que, pelo tom machista da abordagem, seria uma publicação que cairia bem em uma revista masculina do tipo Play Boy ou similar. Mas, para o escândalo de muitos, não se trata de nada disso não. Este é um texto tirado das páginas da Bíblia, ou Escrituras Sagradas, como preferirem chamar. Estas são recomendações a um povo que estava vivendo momentos de grande contrição. Que estava passando naquele justo momento pela experiência religiosa mais profunda e decisiva da sua vida. Esta era uma situação em que todo o povo havia tomado a decisão de deixar de se voltar para os ídolos e se deixar levar pela idolatria e assumir os projetos de Deus como prioritários. Em resumo, não podemos dizer que era um dia como outro qualquer, muito menos que era um dia alienante, como são para nós o Carnaval e a “balada” dos jovens, do qual pudéssemos dizer que a insensatez tomou o lugar da razão e do juízo. Se observarmos com atenção o texto de Neemias 8.1-12 vamos ver que essa prescrição pouco ortodoxa redunda em segurança e fé. Utilizando as próprias palavras do escritor bíblico teríamos que concluir que: a alegria no Senhor é a nossa força.
Torna-se curioso lembrar que desde pequeno eu cantava um hino que dizia exatamente isso: A alegria no Senhor a nossa força é! Porém, em um contexto diametralmente oposto ao que o nosso texto de hoje sugere. Cantava-se com alegria, mas envolvidos por um ambiente contrito, onde a ingestão de vinho era sequer admitida, mesmo em doses mínimas na Santa Ceia. Mas talvez esse não fosse nem de longe a nossa principal divergência com o texto. A ausência da partilha seria uma transgressão maior.
Fica para a nossa meditação de hoje esse contraste: Antes, quando a presença de Deus parecia se fazer notar pelo clima de solenidade, onde as relações interpessoais ficavam em um terreno muito reservado e os prazeres da alma permaneciam restritos a umas poucas manifestações recatadas, a Palavra de Deus não estava sendo bem entendida ou bastante distorcida. Antes, quando cada um cuidava em preservar incólume a sisuda moral “evangélica” que havia meticulosamente regulamentado, na qual resguardava a si mesmo e exigia do outro a completa abstinência e a manutenção das aparências recomendadas aos bons e fiéis servos de Deus, o entendimento dos projetos divinos ficava notoriamente aquém do mínimo necessário.
A alegria no Senhor a nossa força é! Neste texto, mais uma vez o sentido exato do Pentecostes fica patente. A multiplicidade de manifestações, de sentimentos, de cores e de personalidades é a marca registrada da presença do Espírito de Deus na vida do seu povo. Mais uma vez fica patente também que a cara séria, o uniforme, o coturno cai bem nas coisas do lado de lá.
A coisa mais urgente a ser mudada nos testemunhos de quem teve a vida renovada por uma ação de Deus é a expressão corporal de que está dando este testemunho. O que se observa hoje em dia é um olhar alegre e deslumbrado quando da narrativa do passado pecaminoso e distante da fé. Porém, quando estas mesmas pessoas começam a descrever a experiência que os levou à mudança, o semblante cai, um olhar sisudo e compenetrado toma conta dele, e expressão da alegria que deveria reger aquele momento se desfaz completamente.
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