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Sacrifício de Isaque, Giambattista Pittoni (1687-1767) |
(Rm 10.17) Crer nisso significava tornar-se um cristão, pois esta é a fé que foi exigida aos antigos, a fé que crê que Deus é fiel às suas promessas e poderoso para realizá-las. Contudo, a fé em Paulo tem um ingrediente a mais: crer no amor incomensurável de Deus, que, juntamente com o seu Filho, nos dá todas as coisas: Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? (Rm 8.32) A fé em Cristo implica também em crer que ele é o Messias prometido, o Filho que Deus que, pelo poder do Pai, venceu a morte e que há de voltar glorioso para julgar os vivos e os mortos. Assim como no Primeiro Testamento, a fé é um esforço do intelecto fundamentado na Palavra de Deus e não na contemplação dos fatos e circunstâncias: Visto que andamos por fé e não pelo que vemos. (IICo 5.7)
Com essa fé ressurge uma nova esperança, aliás, fé e esperança são frequentemente mencionadas juntas por este apóstolo: Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que provém da fé. (Gl 5.5) A Palavra de Deus contém promessas e crer nessa Palavra inclui necessariamente confiança e esperança em Deus. Assim, crer torna-se um ato de boa vontade e de obediência para com a boa nova da salvação. Crer é também ser obediente à fé: Agora, se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para a obediência por fé, entre todas as nações. (Rm 16.26) Demanda em ser obediente à economia da salvação inaugurada por Cristo.
A fé, no entendimento de Paulo, exige também o amor afetivo como resposta ao amor de Deus: Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem valor algum, mas a fé que atua pelo amor. (Gl 5.6) É através deste amor que o homem se entrega livre e inteiramente a Cristo, e é este o amor com que deve amar o próximo, ainda que este amor não seja recíproco e ainda que seja rejeitado. Este apóstolo diz também que a fé vem pelo ouvir: Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? Mesmo assim, a fé é um dom, posto que a pregação fornece a ocasião, mas o efeito é dado pelo Espírito, em uma forma de atuação que Paulo chamou de graça. Aqui há um mistério, pois a mesma fé que transporta montes, que traz a existência o sobrenatural e que propicia a fazer grandes coisas, inclusive milagres, está na relação de Paulo de carismas ou dons que o Espírito de Deus concede aos homens.
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