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Georg Friedrich Händel, por Thomas Hudson (1701-1779) |
O aleluia era usado pelos antigos como um acréscimo litúrgico que era entoado primeiramente pelo sacerdote ou pelo levita dirigente da cerimônia, e repetido pela congregação, em alguma ocasiões somente depois que uma doxologia forma fosse acrescentada à ordem do culto: Bendito seja o SENHOR, Deus de Israel, de eternidade a eternidade; e todo o povo diga: Amém! Aleluia! (Sl 106.48)
A expressão tinha por finalidade traduzir o pasmo e admiração da pessoa pela presença de Deus. Pressupunha uma alma tomada pelo arrebatamento, a qual somente restava um grito de ovação jubilosa, porém, inteligível para a comunidade, que entendendo a exclamação de louvor, respondia a este chamado à adoração da mesma forma: dizendo aleluia. Este recíproco chamado se desenrolava em outras formas de manifestações, como música instrumental, cânticos e danças: Louvai-o com adufes e danças; louvai-o com instrumentos de cordas e com flautas. Todo ser que respira louve ao SENHOR. Aleluia! (Sl 150.4 e 6)
Quase sempre o objeto ou o motivo do aleluia são explicitamente indicados nos salmos, fazendo com que todos conheçam o seu significado momentâneo. Quando não o é, se torna um louvor puro e simples, dentro de um contexto de adoração que é devida a Deus, não por algum dos seus maravilhosos feitos, mas simplesmente pelo que ele é. Louvai a Deus e aleluia são mais que sinônimos, são expressões que se completam para dar ao louvor um sentido intempestivo, atemporal e universal, pois é declarado em mais de uma língua.
No Segundo Testamento o aleluia perdeu quase que completamente a sua importância. Nem mesmo na entrada triunfal de Jesus em Jerusalém ele é citado. Nem mesmo Jesus, que no momento da sua crucificação canta alguns salmos, faz uso desta expressão. Somente João do Apocalipse a emprega em um único capítulo, mas não como uma manifestação de louvor dos homens e sim dos anjos: Os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes prostraram-se e adoraram a Deus, que se acha sentado no trono, dizendo: Amém! Aleluia! (Ap 19,4)
Foi pelo fato de João ter colocado esta palavra exclusivamente na boca dos anjos que ela herdou o status de ser considerada por muitos como uma das poucas palavras da linguagem destes seres a serem conhecidas pelos homens. Isso tem gerado um uso indiscriminado e impróprio de um termo que significou tanto para a fé dos nossos ancestrais. Logicamente que desassociado do seu significado original, e sendo verdadeiras agressões ao seu propósito, ela tem sido usada para “louvar” a Deus por razões completamente estranhas ao que nos ensina a Bíblia. Hoje se louva a Deus por situações declaradamente contrárias à sua palavra, ao ensino de Jesus e à própria tradição da igreja. Uma igreja que ao longo destes séculos tem sido agraciada pela fé pouco contemplativa, mas plenamente eficaz de homens e mulheres, que quase nunca louvavam a Deus com palavras, mas sempre com as atitudes que fizeram com que, não somente o povo de Deus, mas todo o mundo respondesse obrigatória e alegremente: Aleluia.
Orátório final da peça O Messias
conhecido do O Aleluia de Händel
conhecido do O Aleluia de Händel
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