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Ano Jubileu, Robert Colquhoun (1914-1962) |
Mas ainda há um elemento extremamente necessário para a celebração do Ano Jubileu, tocar o yobel. No dia Expiação fareis soar o yobel por todo o país. Deus sabia muito bem que muitas pessoas tentariam negligenciar esta celebração, pois estas perderiam seus lucros, parte de suas propriedades, lavradores ficariam sem trabalho e a economia entraria em colapso, posto que durante um ano inteiro a produção ficaria estagnada. Muitos dos que receberam suas terras de volta também não teriam como gerir de imediato o seu sustento, uma vez
que estavam sem possuir terras por até duas gerações. Também aqueles que ficaram livres da servidão e que contavam com a assistência de seus senhores, que bem ou mal supriam as suas necessidades básicas, se viram de uma hora para outra por conta própria, e de imediato, isso não é nada bom. Mas a despeito de todos os problemas oriundos da mudança, seria de vital importância que todo o povo ficasse sabendo do que estava acontecendo, e quais eram os reais motivos daquela reviravolta na ordem econômica e social do país. Não haveria porque se iludirem, porque uma revolução nesta magnitude não acontece sem causar enormes transtornos.
que estavam sem possuir terras por até duas gerações. Também aqueles que ficaram livres da servidão e que contavam com a assistência de seus senhores, que bem ou mal supriam as suas necessidades básicas, se viram de uma hora para outra por conta própria, e de imediato, isso não é nada bom. Mas a despeito de todos os problemas oriundos da mudança, seria de vital importância que todo o povo ficasse sabendo do que estava acontecendo, e quais eram os reais motivos daquela reviravolta na ordem econômica e social do país. Não haveria porque se iludirem, porque uma revolução nesta magnitude não acontece sem causar enormes transtornos.
Mas como já era de se esperar, este fantástico projeto não se tornou realidade nunca. Este foi mais um dos transformadores projetos que Deus deu ao seu povo para que ele viesse a servir de exemplo às nações vizinhas. Esta foi mais uma desobediência que causou consequências desastrosas à humanidade. Já li muitos pensadores que se manifestaram sobre a desilusão de Deus para conosco, mas dentre todos esses eu fico com Luis Palau que disse: Deus não está desiludido conosco. Para inicio de conversa, ele jamais teve qualquer ilusão a nosso respeito. É muito difícil para a maioria das pessoas entenderem o duplo caráter da vontade de Deus. É muito complicado assimilar que esta vontade vai sempre contemplar de igual forma o sagrado e o social, nunca, jamais o individual. Mesmo que pareça que muitos teriam que fazer sacrifícios em favor de poucos, que não eram tão poucos assim, existia por trás intenções maiores que do que aquelas que poderiam ser observadas de imediato. Por exemplo: uma vez que a servidão entre os povos antigos não poderia ser abolida a curto prazo, era imposto um limite para a sua duração, para que mesmo o menos digno representante do posso não passasse a sua vida toda como escravo. Evitava-se também desta forma o surgimento dos latifúndios, levando-se em conta que a terra havia originalmente sido distribuída de forma racional e igualitária, observando a necessidade de cada clã, e que ela seria redistribuída novamente a cada período.
A verdadeira intenção era erradicar de vez a pobreza, porque uma das maiores preocupações de Deus é que não houvesse necessitados no meio do seu povo. Este foi um dos elementos fortes da pregação profética que ainda ecoam nos dias de hoje. Um hino de João Dias de Araujo que inspirou a Campanha da Fraternidade dos anos de 1970, e que chamava-se “Que estou fazendo?”, pode resumir de forma poética toda essa meditação e tudo que precisaríamos saber sobre o Ano Jubileu. Mais do que simplesmente nos fazer tomar conhecimento dos fatos, este hino precisa nos levar à indignação, e não deveríamos parar de cantá-lo até que a sua mensagem fosse fato em nossa realidade. Encerro com a última estrofe deste que deveria ser o primeiro hino de cada cancioneiro que tenha sérias pretensões de se dizer cristão.
Que estou fazendo se sou cristão,
Se Cristo deu-me o seu perdão?
Há muitos pobres sem lar, sem pão,
Há muitas vidas sem salvação.
Aos poderosos eu vou pregar,
Aos homens ricos vou proclamar
Que a injustiça é contra Deus
E a vil miséria insulta os céus.
Se Cristo deu-me o seu perdão?
Há muitos pobres sem lar, sem pão,
Há muitas vidas sem salvação.
Aos poderosos eu vou pregar,
Aos homens ricos vou proclamar
Que a injustiça é contra Deus
E a vil miséria insulta os céus.
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