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Jesus expulsa os vendilhões, Rembrandt |
O terceiro e mais óbvio motivo é o declarado e aflito tráfico de mercadorias na parte do templo que era acessível a todas as pessoas. Alguém pode querer me corrigir pelo uso indevido da palavra tráfico, porque esta deve ser usada apenas para o comércio de produtos ilícitos, e o que estava sendo transportado ali eram mercadorias legais, que tinham tanto o consentimento dos romanos, como a recomendação das autoridades do templo.
Poderia ser legal aos olhos judeus, dos romanos e de quem mais quisesse, mas não era legal aos olhos de Deus, foi o que concluiu Jesus, mesmo sem precisar de inspeção muito meticulosa. A ilegalidade estava flagrante aos olhos de qualquer um que tivesse o mínimo de indignidade pessoal. Os animais expostos estavam visivelmente maquiados para parecerem perfeitos, ludibriando duplamente o comprador. Primeiro porque este pagava pela fraude o preço de animais rigorosamente perfeitos, porque assim exigia a lei de Moisés. E depois, segundo esta mesma lei, não apresentava um sacrifício aceitável.
Poderia ser legal aos olhos judeus, dos romanos e de quem mais quisesse, mas não era legal aos olhos de Deus, foi o que concluiu Jesus, mesmo sem precisar de inspeção muito meticulosa. A ilegalidade estava flagrante aos olhos de qualquer um que tivesse o mínimo de indignidade pessoal. Os animais expostos estavam visivelmente maquiados para parecerem perfeitos, ludibriando duplamente o comprador. Primeiro porque este pagava pela fraude o preço de animais rigorosamente perfeitos, porque assim exigia a lei de Moisés. E depois, segundo esta mesma lei, não apresentava um sacrifício aceitável.
Mas este ainda não era o mais grave delito de todos. O texto diz que Jesus se revoltou com as idas e vindas dos produtos que estavam sendo vendidos. Aos animais que seriam oferecidos em sacrifício entravam por uma porta para serem abatidos e saiam pela outra, voltando assim para as bancas, para serem novamente negociados. Eu sei que muitos ambientalistas e ecologistas de plantão aprovariam de imediato este artifício, fundamentados que estão na necessidade da preservação das espécies. Também sou contrário, não por este mesmo motivo, mas pela certeza de que Deus não se beneficia em absolutamente nada com esta matança supersticiosa, que tem raízes profundas no paganismo. Se o ambientalista for ateu ainda vai dizer: Mas foi Deus quem explicitamente ordenou este absurdo no Primeiro Testamento. Eles nunca levam em conta que o entendimento de Deus só foi se tornar mais claro a partir do ministério terreno de Jesus, mas que mesmo antes, Deus já havia mandado um sem número de profetas, que conseguiram, à custa do sacrifício de muitos deles, banir definitivamente o sacrifício humano, que era também largamente praticado em Israel, assim como o era nas nações vizinhas.
O que Jesus condenou de forma desconcertante foi esta tentativa barata de querer enganar a Deus com compromissos unilaterais, nos quais somente ele assume os encargos. A ideia primeira do sacrifício não era a morte de animais, mas sim de fazer com que o pecador, através da perda do bem, tomasse consciência do seu pecado, e se dispusesse a não mais repeti-lo. Vergonhosamente, o que mais se vê nas igrejas nos dias de hoje, é esse tráfico de mercadorias, de orações e de bênçãos. São promessas de compromissos assumidos a partir do momento em que as condições se tornem condizentes com o acordo firmado. É essa negociata do “toma lá dá cá”, do “eu faço se tu me abençoares”, do “eu canto louvores se receber por isso”. Se estivesse aqui Jesus bateria firme contra esta lucrativa e irrefreável negociata que tomou conta de vez do universo gospel, do comércio de toalhinhas, martelinhos e todos os demais patuais “evangélicos”.
Eu tinha prometido a mim mesmo não pregar mais em igrejas que usam objetos do fetiche judaico e artefatos de unção e purificação. Eu não sou radical, aliás, sou mais que ecumênico, pois mantenho um saudável diálogo inter-religioso com vários credos. Sempre que sou convidado, participo com alegria de cerimônias em templos desses outros credos, mas cada coisa no seu lugar. Um cabelo na cabeça é pouco, mas na sopa é algo insuportável. Eu ia dizendo da minha promessa, que vez por outra insisto em quebrar. Lamento dizer que indistintamente todas as vezes que isso acontece, me arrependo amargamente. Numa postagem mais antiga chamada Sermão com rabo vocês poderão tomar ciência do tamanho da minha indignação no dia seguinte a uma pregação que fiz em uma dessas igrejas.
Mas eu não culpo a eles, culpo a mim quando sou infiel ao ensino da Bíblia. Não no que diz respeito à comunhão com outras religiões, porque assim ela me ensina no texto citado anteriormente: Aos estrangeiros que se chegam ao Senhor, também os levarei ao meu santo monte e os alegrarei na minha Casa de Oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar, seja este ou todo e qualquer altar que Deus quiser fazer de seu. Mas sou infinitamente condenável quando permito, e, às vezes, até compactuo com a minha presença e omissão com toda essa maquiagem e macaquices que estão com o evangelho. Na minha própria casa ou na casa dos outros, muito disso que estou falando pode ser relevado, mas na casa de Deus, o mínimo fio de cabelo que reproduza de alguma forma qualquer destas falcatruas condenadas pelo chicote de Jesus, continuará sendo eternamente insuportável.
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