Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles, porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos incautos. Romanos 16.17s
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Fita de Moebius |
Lembrei-me deste fenômeno matemático quando avaliava os efeitos do blackfriday tupiniquim que aconteceu na semana próxima passada em nosso país. Pude ver claramente, neste simples e glorioso evento, o quanto somos tentados e engodados pela enganação da mídia e dos grandes conglomerados. Pude perceber também o quão inocentemente nos sensibilizamos aos apelos de um fato histórico, sem que com ele tenhamos qualquer relação ou mesmo o mais sutil conhecimento.
Assim como nos EUA e no Canadá, o nosso blackfriday aconteceu no dia seguinte ao Dia Nacional de Ação de Graças, mas com impactos e propósitos totalmente diferentes. O blackfridey americano foi criado para ser uma resposta dos homens e mulheres de negócio à data festiva que relembra a vitória heroica dos peregrinos contra as intempéries da Nova Inglaterra, que nesse dia, não como indivíduos, mas como nação, agradeceram a uma consciência mais elevada que os inspirou e os amparou nessa luta. Lá as mercadorias têm seu preço, e, consequentemente, o lucro reduzido porque a consciência da quase necessidade de gratidão toma conta daquela nação. Convém lembrar que foi uma vitória obtida pela união de colonos e índios que professavam diferentes credos. Ou seja, lá é uma comemoração suprarreligiosa.
Bom, e aqui? Qual é o apelo? Qual é a motivação da data? O que estamos comemorando? A quem somos agradecidos? É triste notar que, na contramão de outras festividades importadas, como recentemente o Haloween, que a cada ano ganha mais vulto e adeptos, o nosso Dia Nacional de Ação de Graças ano após ano tem perdido mais significado e mais celebrantes, inclusive nas igrejas protestantes tradicionais.
Desse nosso relaxamento a mídia soube se aproveitar muito bem. Imediatamente percebeu a oportunidade de transformar essa data de reflexão e gratidão em mais boom para alavancar as suas vendas. Foi fácil demais nos enganar. Deixamos de ir às igrejas no Dia Nacional de Ação de Graças, para acordarmos cedo, e estarmos de prontidão antes das grandes lojas abrirem as suas portas.
Não vou nem entrar na questão dos falsos descontos, mesmo porque, como bem disse o apóstolo Paulo: esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre. Eles não têm qualquer motivo para reduzirem seus lucros, e a sua gratidão esta intrinsecamente ao aumento das vendas, visto que junto com o espantoso aumento de 95% nas vendas veio também um aumento exponencialmente maior das reclamações e denúncias. O que se podia esperar?
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